A tuberculose continua a ser uma das 10 principais causas de morte em todo o mundo. Cerca de 1,6 milhão de pessoas perderam a vida devido à doença no ano passado, mas o seu impacto está a diminuir. A infeção é a que mais pessoas mata e está à frente do vírus HIV.
As conclusões são do Relatório Global da Tuberculose publicado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, esta terça-feira.
Lusófonos
Em relação aos países lusófonos, a OMS inclui Angola, Brasil e Moçambique numa lista de 30 países com alta taxa desta doença.
Em Moçambique, estima-se que 163 mil pessoas estavam infectadas no ano passado, uma taxa de 551 casos por cada 100 mil. Em Angola, eram 107 mil, o que representa 359 casos em cada 100 mil. Finalmente, no Brasil, houve 91 mil pacientes, ou 44 infeções para cada 100 mil.
A pesquisa também destaca os gastos destes países com planos estratégicos nacionais. O Brasil investiu US$ 57 milhões, seguido de Angola com US$ 46 e de Moçambique com US$ 30.
Nesta lista, o Brasil também entra no grupo de nações com altos níveis de tratamento, acima de 80%, acompanhado da China, da Namíbia, da Rússia e do Vietname.
Mundo
O relatório estima que 10 milhões de pessoas contraíram a doença no ano passado, incluindo 5,8 milhões de homens, 3,2 milhões de mulheres e mais de 1 milhão de crianças.
No ano passado, a tuberculose foi responsável por cerca de 1,3 milhão de mortes de pessoas que não vivem com o HIV e cerca de 300 mil pessoas seropositivas.
Um grupo de 30 países, com as taxas de incidência mais altas, reuniu 87% de todos os casos. Apenas 6% foram registados na região europeia da OMS e 3% na região das Américas.
Na maioria dos países de renda alta, a taxa de incidência é inferior a 10 novos casos por cada 100 mil pessoas. Mas em alguns países, como Moçambique, Filipinas e África do Sul, ocorreram mais de 500 casos por cada 100 mil.
Tratamento
Desde o ano 2000, o diagnóstico e o tratamento de pessoas salvou a vida de pelo menos 54 milhões de pessoas. Apesar desse resultado, a taxa de sucesso do tratamento baixou para 82% no ano passado. Em 2013, era cerca de 86%.
O número de mortes de pessoas que não vivem com o vírus HIV caiu 29% desde o ano 2000, de 1,8 milhão para 1,3 milhão. Entre as pessoas seropositivas, desceu 44%, de 534 mil para cerca de 300 mil.
Os autores do relatório também alertam para a tuberculose resistente a medicamentos, dizendo que continua a ser uma ameaça de saúde pública.
Em 2017, cerca de 558 mil pessoas tiveram uma variante da doença resistente à principal droga que a combate, rifampicina. Deste número, cerca de 82% dos casos eram resistentes a várias drogas.
Encontro
A 26 de setembro, em Nova Iorque, a ONU organiza o seu primeiro encontro de alto nível dedicado a esta doença. Cerca de 50 chefes de Estado e de governo participam no evento.
Em nota, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que nunca viu “tanta atenção política de alto nível e compreensão do que o mundo precisa fazer”. Ele acredita que é preciso "aproveitar este momento para agir e acabar com essa terrível doença".
O encontro tem o objetivo de acelerar os esforços para alcançar o objetivo de eliminar a epidemia de tuberculose no mundo até 2030.
Metas
Para cumprir esta meta, os países precisam de reduzir em 90% o número de vítimas mortais e em 80% a quantidade de novas infeções em relação aos números de 2015.
Segundo a pesquisa, o impacto da doença está a cair em todas as regiões e na maioria dos países, mas a um ritmo demasiado lento para alcançar os objetivos.
Neste momento, a taxa de novas infeções cai cerca de 2% por ano, com as maiores descidas na região europeia e africana. Para cumprir os objetivos, no ano 2020 tem de descer ente 4% e 5% ao ano.
Em relação à taxa de mortalidade, cai cerca de 3% ao ano, e precisa descer a um ritmo de 10%.
Fonte: ONU