Linus Torvalds é uma daquelas figuras emblemáticas do meio tecnológico. Enquanto Steve Jobs andava descalço e estacionava rotineiramente em vagas para deficientes, o fundador do Linux se tornava conhecido por disparar todo tipo de impropérios contra os colaboradores no desenvolvimento do kernel do sistema operacional — deixando claro por mais de uma vez que o que importava era o desenvolvimento do software, emendando que regras de boa convivência eram uma “ideologia americana”.
“Algumas pessoas acham que eu sou uma pessoa legal e se surpreendem quando descobrem que não é assim — eu não sou uma boa pessoa”, disse ele via Twitter em certa ocasião. Bem, algo parece ter mudado. Torvalds surgiu recentemente se desculpando por anos de boçalidade contra os demais desenvolvedores do Linux.
“Eu sinto muito”, postou o desenvolvedor no site LKML, admitindo que ostentou “comportamento pouco profissional e descabido”. Além disso, ele disse ainda que se ausentará do desenvolvimento do Linux por algum tempo, enquanto “busca ajuda para conseguir se comportar de forma diferente”.
De fato, anos de embates entre desenvolvedores, centrados no exemplo do próprio messias dos insultos, acabaram por gerar o que foi batizado de “Código de Conduta” para colaboradores do kernel do Linux. Anteriormente, havia apenas um “Código de Conflito” — do tipo “o código em primeiro lugar”, e a mãe do próximo em segundo.
Se a mudança é realmente genuína e duradoura, bom, certamente há quem duvide. O desenvolvedor e crítico de longa data de Torvalds, Matthew Garrett, elogiou o passo necessário representado pelo referido código de conduta, mas acrescentou que só acredita vendo. Enquanto isso, gente menos polida apontou a ação como oriunda de “um sujeito completamente insano e intolerante”. Por fim, também não falta quem diga que o sujeito simplesmente afrouxou depois de todos esses anos. O próprio ciclo cármico em ação, pode-se dizer.
Fonte: Ars Technica