Desde a suspensão das aulas presenciais nas escolas da Prefeitura de Guarulhos por conta da pandemia do novo coronavírus, a Secretaria de Educação busca atender às necessidades deste período atípico sem perder de vista a trajetória, o compromisso e a valorização da história guarulhense no que se refere à educação na rede municipal de ensino.
Com base na proposta curricular Quadro de Saberes Necessários (QSN), documento fundamentado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para uma educação humanizadora, emancipatória e de qualidade, a Secretaria de Educação decidiu oferecer atividades pedagógicas, disponibilizadas por meios de comunicação e de acesso remoto variados. A iniciativa tem como objetivo favorecer o processo educativo dos alunos da rede municipal e contribuir para sua aprendizagem e desenvolvimento até que o retorno presencial às escolas seja possível.
Saberes em Casa
O programa Saberes em Casa surgiu da necessidade da Secretaria de Educação de levar conteúdos educativos por um meio que pudesse garantir o acesso a todos os alunos da rede municipal neste período de isolamento social. A forma mais democrática de acesso encontrada foi um programa que pudesse ser veiculado pela televisão. De forma gratuita, ele é transmitido diariamente, de segunda a sexta-feira, das 9h às 10h30, pela TV RS 21, canal 58.1 da TV aberta, na TV Câmara, canal 7 (Net/Claro), e pelo canal da Secretaria de Educação no YouTube.
Junto com a veiculação na TV, o programa Saberes em Casa lançou outros conteúdos no Portal SE Informe (http://portaleducacao.guarulhos.sp.gov.br/siseduc/portal/site/listar/categoria/11/) que complementam a programação. Atualmente, além desses dois canais de acesso, foram lançados os roteiros de aprendizagem para os alunos do 1º ao 5º ano e as Orientações de Propostas de Atividades para a Educação Infantil – Creche e Estágios.
Com 34 programas exibidos e mais de 50 horas de conteúdo até o momento, o Saberes em Casa está organizado em contações de histórias, brincadeiras com jogos de palavras: parlendas, adivinhas, trava-línguas, desenhos animados, dica do professor, desafio do dia e atividades diversificadas de segunda a sexta-feira. Segundo Solange Turgante Adamoli, diretora Orientações Educacionais e Pedagógicas (Doep) de Guarulhos, os programas possuem um formato que se aproxima da rotina escolar.
O programa começa com uma contação de histórias que tem como objetivo a ampliação do repertório cultural e de vocabulário e o despertar do gosto por ouvir histórias. Já na parte dos jogos de palavras, além do contexto cultural, as brincadeiras favorecem o desenvolvimento da consciência fonológica, aspecto importante para o processo de alfabetização. Os desenhos animados são selecionados a partir dos temas que debatem, pois favorecem a aquisição de novos conceitos e conhecimentos por um viés lúdico e em outra linguagem. No espaço destinado à dica do professor são veiculados os vídeos gravados pelos educadores da rede municipal, das escolas próprias e instituições parceiras.
“O espaço destinado ao desafio do dia está dividido em duas partes: na primeira, a professora apresenta um tema quinzenal e vai aprofundando as discussões sobre ele. Ela também propõe atividades em que as crianças possam fazer seus registros de acordo com os conhecimentos que já possuem, ou seja, podem realizar registros escritos ou gráficos. Na segunda parte, veiculamos conteúdos para os educandos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), mas nada impede que os demais alunos assistam e aproveitem para aprender”, explica Solange.
Além disso, o programa também oferece conteúdos de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para os alunos surdos, atividades de vida diária para as famílias realizarem junto aos alunos com deficiência, aulas de conceitos musicais, artes visuais, jogos teatrais e língua inglesa.
A sala de aula agora é em casa
Os alunos da rede municipal precisaram se adaptar a uma nova realidade na rotina de estudos. O celular, o computador e agora a televisão viraram as principais ferramentas de aprendizagem em tempos de isolamento social, em que a educação precisou ganhar novos formatos.
O programa Saberes em Casa foi criado com a proposta de as crianças participarem das atividades com autonomia, por levar em consideração que não são todas as famílias que possuem tempo e disposição para auxiliar em tarefas escolares. Sendo assim, as famílias podem ajudar com duas ações básicas e importantes: a primeira é deixar o canal da TV sintonizado, ou o canal do YouTube acessado; e a segunda é dispor os materiais que eles possam vir a precisar.
Para Milena Freitas, mãe da aluna Laura, do Berçário II, que acompanha o Saberes em Casa pelo YouTube, o programa ajuda aprender de uma forma descontraída. “A Laura adora o programa, principalmente as histórias e as músicas. Hoje ela já sabe as cores, os números e me faz muitas perguntas. Estou adorando acompanhar o programa também para ensinar minha filha de uma forma mais leve, porque a gente acaba brincando e ela aprendendo muito. É muito legal a forma que ela vem acompanhando e descobrindo tantas coisas. Achei a iniciativa muito interessante, não perdemos de jeito nenhum”, conta.
Deise Anne Lopes Silva, mãe de quatro alunas que estudam nas escolas da Prefeitura de Guarulhos, a Maria Luiza do 4º ano, a Laura Victoria do 3º ano, a Myllene do 1º ano e a Izadora do Estágio II, conta que as filhas acompanham o programa Saberes em Casa diariamente pela televisão e que, se perdem alguma coisa, assistem depois no celular. “Aqui em casa nós fazemos o acompanhamento pela TV e pelo YouTube. Minhas filhas adoram o programa e é muito importante elas terem esse tipo de atividade diante deste momento que estamos vivendo. Informação e aprendizado são sempre bem-vindos”.
A diretora Solange explica ainda que os conteúdos do programa não substituem a interação que o convívio escolar promove, mas as escolas estão se articulando para minimizar a distância entre as crianças e motivando-as para a realização das atividades. “A Secretaria de Educação propôs que fossem construídos canais de comunicação que favorecessem a manutenção dos vínculos existentes entre escola e comunidade. Também foi garantida autonomia pedagógica, que já é estabelecida em lei, a fim de que cada equipe escolar possa reconhecer as necessidades e as possibilidades de acesso da comunidade na qual está inserida. Ou seja, primeiro verificar por quais meios a comunidade tem acesso ao programa e complementar com os apoios necessários. O objetivo é manter o vínculo com o maior número possível de alunos da rede”, destaca.